A devolução do lixo europeu
O Brasil está sendo firme em relação ao episódio da importação de toneladas de lixo vindo da Europa, mais especificamente do Reino Unido. Nos próximos dias, mais 144 toneladas do montante de 1,5 mil toneladas deverão retornar ao seu destino. Até agora, a maior parte desse total já foi enviada de volta.
Essa inacreditável história teve início quando autoridades foram alertadas de que nos portos santista e rio-grandino havia vários contêineres com material descartado que tinha entrado no país como importação. Ao verificar a carga, foram encontradas fraldas usadas, pilhas, seringas utilizadas, lixo doméstico, preservativos, entre outros produtos. As empresas brasileiras responsáveis pela importação alegaram que foram enganadas, mas não escaparam das autuações respectivas. O descarte britânico entrou no país como se fora uma remessa de polímeros de etileno e resíduos plásticos para reciclagem.
A carga que será levada agora se encontra no Porto Seco de Caxias do Sul. Não foram embarcadas na primeira remessa porque os importadores alegaram, na época, não terem encontrado contêineres disponíveis para realizar a operação. Foram então enviados contêineres de Rio Grande para o local onde o lixo se encontra.
Em decorrência desses fatos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou sanções às empresas brasileiras no valor de R$ 3,8 milhões. Também foi aberta uma outra investigação na Inglaterra para apurar a origem do material e punir os responsáveis pela operação.
O reenvio total do lixo é uma necessidade para que o Brasil demonstre cabalmente que a repetição desses fatos não será tolerada. Além disso, o esclarecimento do grau de comprometimento de todos os envolvidos servirá para que as punições, preventivas, desestimulem o sentimento de impunidade. O presente de grego não foi aceito.
Atualmente, a questão do destino do lixo é um tema presente na agenda mundial. Diante da gravidade do que fazer com os dejetos mundiais, já se fala até numa máfia do lixo, que atuaria no mundo todo enviando material inaproveitável para outras nações, notadamente as mais frágeis economicamente.
A posição do Brasil reforça a posição de que a transferência do problema não será aceita.