26/08/2009 - 12h03
Cartão vermelho de Suplicy vira brincadeira e senador ameaça "expulsar" petista
MÁRCIO FALCÃOda Folha Online, em Brasília
O gesto do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) levantando cartão vermelho para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), virou motivo de brincadeira entre os senadores.
Durante a análise do projeto de reforma política nesta quarta-feira, o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Flexa Ribeiro (PSDB-PA) recorreu à ideia do petista para tentar acelerar sua fala sobre a proposta.
"Senador Suplicy, acelere a sua fala, se não teremos que dar cartão vermelho pro senhor nesta comissão", disse Ribeiro.
Ontem, Suplicy utilizou a tribuna do Senado para cobrar mais uma vez o afastamento de Sarney do comando da instituição.
Em protesto contra o arquivamento das acusações contra o peemedebista no Conselho de Ética, o petista levantou um cartão vermelho que provocou um bate boca com o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
Os dois ficaram em uma sucessiva troca de acusações. A confusão teve início depois que Fortes ironizou o cartão vermelho apresentado por Suplicy a Sarney, o que levou o petista a também apontar o cartão para o senador do DEM.
"Cartão vermelho para Vossa Excelência. Vossa Excelência precisa agir com respeito. Se começa a desviar, eu vou agir com essa determinação", afirmou Suplicy.
Heráclito, muito irritado, também ficou exaltado ao criticar o gesto de Suplicy --a quem acusou de não estar sendo sincero.
"Vossa Excelência deveria guardar esse cartão vermelho para mostrar ao presidente Lula, mas não teve coragem.
O cartão vermelho é para o presidente Lula, que deu cartão amarelo para o líder do seu partido, o senador [Aloizio] Mercadante. Vossa Excelência não tem coragem de dar cartão vermelho ao Lula. Vossa Excelência não está sendo sincero", disse o senador do DEM.
Heráclito chegou a recomendar que Suplicy tomasse "suco de maracujá" para se acalmar.
O senador cobrou o fato do petista não ter assinado recurso da oposição contra o arquivamento das denúncias que envolvem Sarney pelo Conselho de Ética. E criticou a sua decisão de levar o cartão vermelho ao plenário.
"Não queira ser Vossa Excelência juiz de futebol, queira ser um senador da República. Os juízes decidem muitas vezes a partir da várzea para beneficiar partido A ou B. Use a palavra, não o cartão. Esse gesto lhe diminui", disse Heráclito.
Depois do bate-boca, os dois senadores se abraçaram e trocaram gestos cordiais no plenário do Senado. Heráclito, que é integrante do Conselho de Ética, se ausentou na votação dos processos contra Sarney que acabaram arquivados. O senador preferiu se ausentar a votar contra Sarney, como foi orientado pela bancada do DEM. Suplicy, por sua vez, é terceiro suplente do conselho, por isso não votou na sessão que resultou no arquivamento das acusações.
Símbolo
Antes do bate-boca, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) elogiou o gesto de Suplicy ao afirmar que o cartão vermelho vai virar o símbolo para que Sarney deixe o cargo. "Exalto sua felicidade em mostrar que não acabou a crise no Senado. O senhor conseguiu um símbolo. Eu imagino a partir de amanhã as pessoas no Brasil inteiro andando com cartão vermelho nos bolsos, os jovens carregando cartões vermelhos", disse Cristovam.
Na defesa de Sarney, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) disse que o Senado não tem legitimidade para criticar a decisão do Conselho de Ética de arquivar todos os processos contra Sarney.
"Ser achincalhado pelos senhores como membro do Conselho de Ética? Pessoas que estão aquém da minha estatura moral para dizer que estão renunciando ao Conselho de Ética porque não está à altura do julgamento do seus pares, eu exijo respeito", afirmou Lima.
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