enviado especial da Folha de S.Paulo a Águas de Lindoia
Um motivo novo e mais sutil para se exercitar quando o excesso de peso se transforma em obesidade: a atividade física faz com que o cérebro envie ao corpo ordens para comer menos.
"Em geral, acreditava-se que o exercício faz emagrecer porque o corpo gasta mais calorias do que consome. Nós estamos mostrando o outro lado da equação: a atividade física também faz com que a ingestão de calorias diminua", diz Eduardo Ropelle, pesquisador da Unicamp e do Instituto de Obesidade e Diabetes.
O trabalho de Ropelle sobre o tema foi apresentado ontem, durante a reunião anual da Fesbe (Federação das Sociedades de Biologia Experimental), que acontece nesta semana em Águas de Lindoia (SP). Os dados foram obtidos em laboratório com ratos e camundongos, mas trazem, ao menos em tese, uma nova perspectiva também para pessoas.
A base do trabalho envolve dados bem conhecidos sobre a ação de certos hormônios, como a insulina e a leptina, sobre o cérebro. São esses sinalizadores químicos que dizem ao organismo quando é hora de parar de comer.
"Em animais obesos, submetidos a uma dieta rica em gordura, os hormônios perdem essa capacidade de regular o apetite ", explica Ropelle. A obesidade envolveria um círculo vicioso comportamental: quanto mais se come, mais se quer comer.
O pesquisador e seus colegas submeteram esses roedores a uma única sessão de atividade física intensa.
A malhação fez com que a sinalização do apetite no cérebro dos bichos voltasse a níveis normais. "O efeito dura de 12 a 16 horas", diz ele. Os resultados foram submetidos à revista científica "Nature Neuroscience".
Para Ropelle, o exercício físico pode ser benéfico para o apetite dos obesos. "Deve haver uma espécie de equilíbrio dinâmico para evitar tanto o acúmulo excessivo de energia quanto o gasto excessivo. A dieta moderna fez a gente perder isso", avalia.
Filipe Redondo -6.mar.09/Folha Imagem
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