domingo, 18 de abril de 2010

A Holanda e o aquecimento global

Com boa parte de seu território abaixo do nível do mar, os holandeses já se empenham para defender-se da elevação dos oceanos.




Trecho de praia em Monster no qual a construção de uma nova duna já está em estágio mais avançado. A areia é extraída do leito do mar a 15 quilômetros de distância da costa e levada até ela por tubulações.


Com boa parte do território abaixo do nível do mar, a Holanda é um dos países vulneráveis à elevação do oceano. Mas seu governo está atento à questão e já começa a implementar projetos para manter suas terras intactas.



Na noite de 31 de janeiro para 1º de fevereiro de 1953, ventos e ondas gigantes derivadas de um ciclone no Mar do Norte causaram imensos estragos em países banhados por ele. Na costa leste da Grã- Bretanha, mais de 300 pessoas perderam a vida, 100 mil hectares de terra foram inundados e os prejuízos materiais passaram de R$ 14 bilhões, em valores atualizados. Bélgica, França e Dinamarca também foram bastante afetadas, mas a catástrofe maior ocorreu na Holanda. Naturalmente vulnerável por ter boa parte de seu território abaixo do nível do mar, o país viu 50 de seus diques se romperem, o que permitiu o avanço das águas sobre 200 mil hectares nas províncias meridionais de Zeeland, Noord Brabant e Zuid- Holland. Mais de 1.830 holandeses morreram afogados na ocasião e cerca de 72 mil tiveram de ser evacuados às pressas de suas residências.


Escaldado por essa trágica experiência, o governo da Holanda desenvolveu e implementou um grandioso sistema anti-inundações, elaborado para proteger as desembocaduras dos rios Reno, Meuse e Scheldt. Os trabalhos desse projeto foram concluídos com êxito em 1998, mas a tranquilidade que ele proporcionou até hoje não deixou os holandeses invigilantes. Uma comissão organizada pelo governo para estudar o aquecimento global e suas consequências anunciou em setembro de 2008 que o fenômeno poderia elevar o nível do mar entre 0,65 metro e 1,3 metro até 2100. De olho nessas previsões, o país já está pondo em prática diversas iniciativas para manter intacto o território que conquistou do mar a tão duras penas.


Uma das obras que exemplificam esse esforço contínuo está sendo desenvolvida na praia de Monster, 20 quilômetros ao sul de Haia. Ali, tubulações com várias centenas de metros de extensão expelem areia retirada do fundo do mar, a qual é transformada em dunas por grandes escavadeiras. Iniciada em 2008, a ação deverá estar concluída em 2011, ao custo total de 130 milhões de euros (cerca de US$ 200 milhões). Até lá, mais de 18 milhões de metros cúbicos de areia - suficientes para encher 7.200 piscinas olímpicas - serão despejados na praia a fim de compor as novas dunas litorâneas.


Fonte: REVISTA PLANETA






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