A sociedade brasileira tem sido brindada com algumas pérolas perigosas que denotam o grau de decomposição de valores morais e éticos, principalmente daquelas diretrizes que deveriam ser de berço. Há uma coletânea de casos chocantes, como os dos rapazes presos após espancar um morador de rua em São Paulo. Para eles, essa ação era permitida porque se tratava de um mendigo e tudo não teria passado de "uma brincadeira".
Esse argumento foi semelhante ao empregado pelos jovens que, há muitos anos, atearam fogo em um índio pataxó que estava dormindo na rua em Brasília. Todos eram de classe média alta, bem-nascidos e com poder aquisitivo. Outros episódios de violência gratuita foram o da agressão de vários jovens a uma doméstica no Rio de Janeiro porque pensaram que ela era uma prostituta e o do ataque homofóbico de um grupo de rapazes a estudantes na avenida Paulista, em São Paulo, só porque supuseram que se tratava de homossexuais. Sem nenhum pudor, tentaram desmentir os fatos gravados por uma câmera.
É preciso repensar os valores que estão sendo passados para nossas crianças e adolescentes. A par da proteção devida, é necessário incutir neles o respeito pelas diferenças e pelo modo de vida de cada um. Além disso, faz-se urgente retomar o papel de uma escola formadora de bons cidadãos, mas tendo claro que esse papel é subsidiário ao dos pais e responsáveis, que não podem delegar tarefas que lhes são próprias.
Diante de acontecimentos nada edificantes, em que jovens são os protagonistas, de pouco vale atitude meramente protecionista. Cobrar responsabilidades e aplicar as punições devidas é parte de um processo pedagógico que servirá para mostrar ao infrator que sua conduta está inadequada. Além disso, mostrar-se-á eficiente para que as vítimas não se sintam desprotegidas.
FONTE:Jornal Correio do Povo - Opinião - ANO 116 Nº 129 - PORTO ALEGRE, DOMINGO, 6 DE FEVEREIRO DE 2011.
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