por Jocelem Salgado
Verão: aproveite para descobrir as frutas e por que elas fazem bem à saúde
Cheirosas, coloridas, saborosas, as frutas ocupam lugar de destaque nas bancas das feiras e gôndolas de supermercados, especialmente no verão.
O Brasil tem o privilégio de cultivar centenas de espécies e de oferecer boa parte delas a baixo custo, especialmente as chamadas frutas da estação. Além de saborosas, as frutas são fundamentais para a boa saúde, oferecendo vitaminas, sais minerais e fortalecendo as defesas do organismo. As propriedades benéficas para a saúde estão presentes nas frutas cruas e batidas em forma de suco. Especialmente no verão, tomar suco virou uma maneira saudável de se refrescar.
Acostumados com tanta fartura, nem imaginamos que o hábito de comer frutas e tomar sucos é bastante recente. Até o século 19, a maioria das civilizações não incluía as frutas na alimentação. As frutas nem precisam de muitas explicações para que a gente goste delas, bastam os adjetivos. Elas são coloridas, são tenras, macias, suculentas, são azedinhas, bem docinhas, irresistíveis.
Pois o sabor e o colorido das frutas são duas marcas registradas do verão. Para quem se queixa do calor, as frutas são consolos refrescantes, batidas com muito gelo e água e servidas como suco. Para aqueles que já gostam das estações quentes, as frutas só acrescentam prazer aos dias de verão.
Antes de provocar água na boca, as frutas já são de prender o olhar. Eu costumo dizer que também se come com os olhos, pois a aparência das comidas e o arranjo dos pratos têm muita importância no sabor e mesmo na qualidade da alimentação.
As frutas costumam estar presente em toda parte, mas nesta época do ano, especialmente, sua abundância permite que sejam transformadas em verdadeiros arranjos. As feiras livres, que conservam a tradição de servirem as frutas mais frescas, e que exibem todas as variedades da estação, costumam transformar suas bancas num balcão colorido e tentador.
Por causa da grande oferta dessa época, os preços ficam muito acessíveis e as opções intermináveis. O supermercado aprendeu com as feiras e está disputando a clientela com variedade, bom preço e qualidade, com a vantagem de manter suas ofertas a semana toda. Algumas redes estão indo mais longe, trazendo de países distantes frutas especiais que nunca imaginamos em nosso cardápio. Claro, custam mais caro, mas quem não gosta de experimentar um sabor estranho de vez em quando?
As frutas e a saúde
Só o sabor e a fartura das frutas em nosso país já seriam argumentos suficientes para incluirmos seu consumo no nosso cardápio cotidiano. Mas há outras razões, muito importantes para nosso organismo, que cada vez mais vêm sendo destacadas pelas pesquisas e por especialistas. O fato é que as frutas de um modo geral trazem uma grande contribuição à nossa saúde.
São fontes de vitaminas e sais minerais, contribuem para fortalecer o sistema imunológico, têm ação específica na prevenção e controle de algumas doenças, ajudam na redução dos níveis de gordura do sangue, além de facilitar o desempenho de todo o sistema digestório.
Com tantas propriedades, o consumo de frutas interfere em praticamente todas as ações do nosso organismo, combatendo desde doenças alérgicas como a asma até enfermidades graves como vários tipos de câncer. Por conterem muitas fibras, substâncias que não são digeridas, as frutas são de grande valia para o trato intestinal. Quem come pelo menos duas porções de frutas por dia, qualquer que seja essa fruta, terá muito mais chance de evitar a constipação, um problema que provoca desde mau humor até câncer do intestino.
Quando me perguntam quais são as frutas mais indicadas, costumo dizer que o mais importante é consumí-las, sejam elas frutas exóticas, silvestres, ou as frutas mais comuns das nossas estações, como a laranja, o abacaxi, o caqui e a melancia. É certo que as pesquisas em nutrição e saúde estão hoje buscando as propriedades próprias de cada alimento, aqui incluídas as frutas.
Esses alimentos com funções especiais, capazes de prevenir ou controlar o avanço de certas doenças, são conhecidos como funcionais. Já está provada, por exemplo, a capacidade que as frutas cítricas tem de prevenir certos tipos de câncer. Da mesma forma que certas substâncias da maçã são capazes de reduzir o colesterol, diminuindo o risco de doenças cardiovasculares.
Ao lado dessa ação funcional, os alimentos têm propriedades reconhecidas pelo uso popular e aceitas no meio médico. Os pêssegos, por exemplo, têm uma discreta ação laxante, além de serem ricos em potássio. Os mamões, papaias e outros, contêm papaínas, substâncias ativas contra as úlceras de estômago, estando também entre as frutas que mais fornecem potássio e magnésio. O abacaxi, uma das frutas mais cheirosas da estação, é rico em iodo, que atua positivamente na função da tireóide. Em suco ou em pedaços.
Frutas ou sucos?
Outra pergunta que me fazem com freqüência é com relação às vantagens e desvantagens entre ingerir a fruta em forma de suco e consumí-la crua e em pedaços. Costumo dizer que, no geral, não há grande diferença, desde que o suco natural (não coado) seja feito na hora e consumido em seguida. O suco de laranja que fazemos em casa, por exemplo, tende a perder suas propriedades depois de algumas horas, mesmo mantido em geladeira.
Os bons sucos naturais industrializados, que não se estragam rapidamente porque são "protegidos" por conservantes, costumam manter quase todas as propriedades de um suco fresco, com a vantagem de poder ser armazenado e tomado a qualquer hora.
Mas, já que falamos no prazer que as frutas nos proporcionam, vale lembrar que tomar um suco de fruta natural, nesses dias de verão, não tem sabor que se compare. Levar as frutas para casa e preparar o suco nós mesmos, com a nossa receita preferida, é um prazer adicional, mesmo considerando o trabalho.
Certamente por conta do calor e da fartura de nossas frutas, o suco natural passou a ser "mercadoria" presente em todo o comércio, nos últimos 20 a 30 anos. As casas de suco passaram a ter tanta importância quanto as choperias, sorveterias e cafés. Nos shoppings centers, entre a garotada, ainda não dá para dizer que o suco de frutas é o preferido. Mas em todo o país, não há capital que não exiba suas casas de "sucos e batidas", onde ao lado de abacaxis, laranjas e bananas, estão expostas as frutas mais estranhas, como o cupuaçu e o tamarindo.
Entre morder a fruta e beber o suco, continuo dizendo que o mais importante é ingerir a fruta. A água que se adiciona ao suco, desde que seja absolutamente potável, vem suprir a necessidade de líquido do nosso organismo. Por outro lado, ao mastigarmos a fruta crua, estaremos estimulando todo nosso sistema digestório.
No tempo dos Faraós
Várias das frutas conhecidas nossas já eram cultivadas nas terras bem irrigadas pelo rio Nilo, no Egito Antigo, cenário que nos leva a pensar na produção de frutas às margens do rio São Francisco. Plantava-se pepinos e melões, ao lado do grão de bico, favas e lentilhas. Figos e abacates eram cultivados nos pomares, além das nozes e as tâmaras do deserto.
Com o intercâmbio com outros países, sobretudo asiáticos, foram introduzidos nos pomares a macieira, a romã e a oliveira. Só a partir da época greco-romana, bem mais tarde, as frutas cítricas passaram a ser cultivadas no Egito.
As frutas nunca deixaram de estar presente nos cardápios do homem ao longo da história, mas por milhares de anos tiveram apenas um papel suplementar. Na baixa Idade Média, especialmente no centro-norte da Itália, as árvores de fruta eram consideradas um estorvo para a cultura dominante e de maior valor nos mercados. Foi graças à insistência de proprietários urbanos mais exigentes que algumas frutas foram cultivadas, como sinais de bom gosto e poder social, e indicadas como presente. O povo mesmo, não comia nem se interessava pelas frutas.
Segundo os historiadores, poucas civilizações utilizaram as frutas e legumes como integrantes de sua alimentação. No início do século XIX, o desenvolvimento das técnicas de conservação por esterilização pelo calor permitiu a fabricação das mais variadas conservas. Foi a chegada dos procedimentos de conservação que deram outra dimensão ao mercado internacional de frutas.
Não era possível falar em frutas frescas numa época em que as viagens tomavam semanas. Em 1876, um francês inventou um navio com sistema de refrigeração para proteger os alimentos. Novos aperfeiçoamentos no início do século 20 colocaram nas rotas caminhões, trens e navios com contâineres refrigerados. No início da década de 30, o custo por esse transporte nos EUA já tinha caído para menos de 15% do preço do alimento vendido ao consumidor.
Daí para frente, os preços dos transportes só foram reduzidos e a procura por frutas de outras regiões, especialmente as tropicais, só aumentaram.
Hoje, como já dissemos, os supermercados exibem frutas do mundo inteiro. E novas técnicas de plantio e conservação permitem que tenhamos as frutas da estação disponíveis em todas as estações do ano. E por preços bastante acessíveis. Tudo isso é motivo para comermos mais frutas. E tomarmos mais sucos.
Mais informações: www.jocelemsalgado.com.br
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Conheça os benefícios do kiwi para a saúde
Kiwi: cinco porções diárias faz muito bem à saúde
Nesta época do ano o recomendado é comer apenas coisas leves e dar preferência às frutas e verduras. Uma fruta muito rica em vitamina C – um antioxidante que elimina os radicais livres e desempenha um papel fundamental no combate ao envellhecimento - é o kiwi. Ele possui o equivalente a três vezes mais quantidade dessa vitamina do que a laranja.
Originário da China, essa fruta possui apenas 62 calorias, levando em conta um tamanho médio, de 100 gramas; além de que 90% de seu peso é constituído por água.
O kiwi não possui gordura saturada, nem colesterol e é composto por diversos nutrientes, como fibras, proteínas, potássio, ferro, fósforo, cálcio, magnésio e vitaminas.
O fato do kiwi ser uma *baga confere-lhe propriedades nutritivas superiores, quando comparado com outros frutos. Ele possui ácido propeolítico, que melhora a circulação e ajuda a combater o chamado mau colesterol (LDL), além de possuir compostos com efeitos preventivos do cancro, doenças cardiovasculares e doenças de foro intestinal.
O kiwi é uma fonte muito importante de ácido fólico. Na gravidez, em fase de crescimento e em situações de cicatrização, o ácido fólico tem um papel fundamental. As categorias principais de fitoquímicos encontrados no kiwi incluem B-caroteno, compostos fenólicos e flavanóides, entre outros, que possuem capacidade antioxidante. É uma das poucas frutas de coloração verde quando madura, sendo a clorofila responsável por essa cor.
Baga: fruto carnoso, freq. comestível e com várias sementes
Fonte: Doutor Maximo Asinelli (CRM-Pr 13037), Médico Nutrólogo
Nesta época do ano o recomendado é comer apenas coisas leves e dar preferência às frutas e verduras. Uma fruta muito rica em vitamina C – um antioxidante que elimina os radicais livres e desempenha um papel fundamental no combate ao envellhecimento - é o kiwi. Ele possui o equivalente a três vezes mais quantidade dessa vitamina do que a laranja.
Originário da China, essa fruta possui apenas 62 calorias, levando em conta um tamanho médio, de 100 gramas; além de que 90% de seu peso é constituído por água.
O kiwi não possui gordura saturada, nem colesterol e é composto por diversos nutrientes, como fibras, proteínas, potássio, ferro, fósforo, cálcio, magnésio e vitaminas.
O fato do kiwi ser uma *baga confere-lhe propriedades nutritivas superiores, quando comparado com outros frutos. Ele possui ácido propeolítico, que melhora a circulação e ajuda a combater o chamado mau colesterol (LDL), além de possuir compostos com efeitos preventivos do cancro, doenças cardiovasculares e doenças de foro intestinal.
O kiwi é uma fonte muito importante de ácido fólico. Na gravidez, em fase de crescimento e em situações de cicatrização, o ácido fólico tem um papel fundamental. As categorias principais de fitoquímicos encontrados no kiwi incluem B-caroteno, compostos fenólicos e flavanóides, entre outros, que possuem capacidade antioxidante. É uma das poucas frutas de coloração verde quando madura, sendo a clorofila responsável por essa cor.
Baga: fruto carnoso, freq. comestível e com várias sementes
Fonte: Doutor Maximo Asinelli (CRM-Pr 13037), Médico Nutrólogo
Meio ambiente
Mal entrou o dia 1 do ano e tragédias acontecem, começando com o episódio em Angra, passando por chuvas, enxurradas, quedas de ponte. Começou 2010 ou ainda não terminou 2009? Cabe a reflexão: o que estamos fazendo com o planeta? Algumas respostas haveremos de ter se colocarmos a mão na consciência. Os deslizamentos de barrancos já eram anunciados ou os moradores não sabiam dos riscos de morarem naquelas condições? Muitas das enchentes são superdimensionadas com a contribuição das pessoas que jogam lixo em rios, valas, desconsiderando uma reciclagem ideal. E tantas outras situações que, se tivéssemos educação, seriam minimizadas. Existem fatores em que a lei natural é responsável, sim, mas em muitos casos estamos colhendo aquilo que plantamos.
Alexandre Reis, Porto Alegre
Alexandre Reis, Porto Alegre
Erva-de-passarinho
A erva-de-passarinho (Tripodantus acutifolius) é um arbusto de flores branco-amareladas e frutos roxos. É um parasita de árvores que lhes suga a seiva com raízes muito finas. Segundo o Guia Ilustrado de Fauna e Flora - Copesul, a disseminação das sementes ocorre por pássaros que ingerem os frutos. A semente apresenta, ao seu redor, camada pegajosa. Os pássaros comem os frutos, transportam as sementes no seu organismo, as quais saem com as fezes e, graças à sua viscosidade, prendem-se à casca da nova árvore hospedeira e germinam facilmente. Florescem no verão e frutificam no outono.
Carlos F. Molz, Canoas
Carlos F. Molz, Canoas
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Estresse diminui resistência a infecções e reduz criatividade
Hoje em dia, agenda de criança anda pior que a de psiquiatra; corpo e mente infantis, contudo, não saem incólumes quando têm de enfrentar as pressões da vida adulta em casa e na escola
POR LUCIANO GRÜDTNER BURATTO
DA EQUIPE DE TRAINEES
Uma aranha começa a andar sobre uma mesa em direção às mãos de duas crianças, sendo que uma delas sofre de estresse crônico. Como elas reagem?
Ambas, provavelmente, vão tirar as mãos da mesa. Mas o organismo da criança estressada sofrerá mais com a experiência.
Assustar-se com um animal perigoso é uma reação normal de estresse, mecanismo natural e necessário para a sobrevivência do indivíduo. Reações de fuga e luta, por exemplo, dependem da
liberação de adrenalina, hormônio presente na resposta ao estresse.
A criança estressada da experiência com a aranha liberou maior quantidade de hormônio do que a criança normal ou era mais sensível a seus efeitos.
Os organismos de adultos e crianças reagem a situações estressantes _bronca da professora ou do chefe, doença infecciosa etc._ de maneira semelhante.
Esses estímulos causam uma série de alterações no organismo independentemente da natureza do agente estressor, diz o professor titular de clínica médica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Antônio Carlos Lopes. Mas a intensidade da reação depende do tipo de estímulo.
A resposta a agentes estressores também depende da constituição do indivíduo, que inclui tanto sua carga genética quanto sua história afetiva. "Para que o estímulo seja considerado estressor pelo organismo, é preciso que este esteja predisposto a reconhecê-lo como tal", afirma o médico.
"O estresse não mata. O que mata são suas manifestações clínicas, resultando em alterações hormonais e humorais (dos fluidos, como o sangue) decorrentes da ação do estímulo estressor durante longos períodos de tempo."
Quando exposto a um estímulo estressante, o organismo responde de maneira estereotipada. A glândula supra-renal (sobre os rins) libera os hormônios adrenalina, cortisol e aldosterona; o pâncreas, glucagon e insulina; a hipófise anterior (glândula do cérebro), hormônio do crescimento e ACTH (corticotropina) etc.
Vilões
Os dois grandes vilões são o cortisol e a adrenalina, pois são eles os responsáveis, a longo prazo, pelas alterações que podem levar à úlcera estomacal ou ao infarto do miocárdio.
A primeira parte da reação de estresse chama-se fase de alarme. É quando os hormônios são liberados em grandes quantidades. Se o estímulo estressor desaparecer, o organismo volta ao seu funcionamento normal.
Caso o estímulo se prolongue (exigência constante dos pais, por exemplo), ou o organismo entra na fase de exaustão e morre ou se adapta. Na fase de adaptação, tudo volta mais ou menos ao
normal, e o organismo torna-se mais resistente.
Mas a fase de adaptação não é eterna. Se o estímulo persistir por muito tempo, o indivíduo pode entrar novamente na fase de alarme. As altas concentrações dos hormônios liberados nessa fase podem levar à arritmia cardíaca grave ou à formação de úlcera.
No estresse crônico (por longo tempo), concentrações elevadas de colesterol (decorrentes de alimentação inadequada), adrenalina e cortisol podem causar lesões no endotélio (parede dos vasos sanguíneos). Caso isso aconteça, o sangue coagulará, obstruindo o vaso (trombose).
Se o trombo (coágulo no vaso) ocorrer no coração, o indivíduo terá um infarto; se for no cérebro, um derrame. Esse quadro é menos provável em crianças devido à flexibilidade de sua rede de
vasos sanguíneos.
Alterações mentais também podem estar relacionados ao estresse. "Se o estado de estresse se prolonga, podem se desenvolver estados crônicos de ansiedade ou depressão", afirma Francisco
Assumpção Júnior, chefe do setor de psiquiatria infantil do Hospital da Clínicas, em São Paulo (HC-SP).
Adrenalina versus cortisol
Do ponto de vista do organismo como um todo, a adrenalina traz consequências piores que o cortisol. "É ela que faz o coração bater mais rápido e a pressão subir. A manifestação clínica do
cortisol, a curto prazo, é pequena", diz Lopes, da Unifesp.
Para diminuir os efeitos de uma sobrecarga de adrenalina, são receitados beta-bloqueadores (fármacos, como o propanolol, que bloqueiam os receptores celulares de hormônios).
"O beta-bloqueador não age nos sintomas do estresse propriamente ditos, mas nos sintomas da ansiedade decorrentes do estresse. Ele pode ser usado, por curto tempo e somente em alguns casos, em crianças com tremores que não conseguem escrever na lousa, por exemplo. Mas isso não resolve o problema da ansiedade", diz Alexandrina Meleiro, professora do Instituto de Psiquiatria do HC-SP.
Para ela, um desequilíbrio nos níveis de cortisol tende a ser mais perigoso que nos de adrenalina. "A adrenalina causa problemas no coração. Mas, quando se mexe no cortisol, muitos hormônios do corpo serão afetados: sejam os sexuais, sejam os que vão agir na produção de suco gástrico (no estômago)", diz Meleiro.
O cortisol também age no timo (glândula do sistema linfático que diminui de tamanho após a puberdade), o que pode afetar o sistema imunológico, pois diminui a produção de linfócitos T e B
(células de defesa).
"A criança fica mais sujeita a infecções, e a que já está doente pode piorar."
POR LUCIANO GRÜDTNER BURATTO
DA EQUIPE DE TRAINEES
Uma aranha começa a andar sobre uma mesa em direção às mãos de duas crianças, sendo que uma delas sofre de estresse crônico. Como elas reagem?
Ambas, provavelmente, vão tirar as mãos da mesa. Mas o organismo da criança estressada sofrerá mais com a experiência.
Assustar-se com um animal perigoso é uma reação normal de estresse, mecanismo natural e necessário para a sobrevivência do indivíduo. Reações de fuga e luta, por exemplo, dependem da
liberação de adrenalina, hormônio presente na resposta ao estresse.
A criança estressada da experiência com a aranha liberou maior quantidade de hormônio do que a criança normal ou era mais sensível a seus efeitos.
Os organismos de adultos e crianças reagem a situações estressantes _bronca da professora ou do chefe, doença infecciosa etc._ de maneira semelhante.
Esses estímulos causam uma série de alterações no organismo independentemente da natureza do agente estressor, diz o professor titular de clínica médica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Antônio Carlos Lopes. Mas a intensidade da reação depende do tipo de estímulo.
A resposta a agentes estressores também depende da constituição do indivíduo, que inclui tanto sua carga genética quanto sua história afetiva. "Para que o estímulo seja considerado estressor pelo organismo, é preciso que este esteja predisposto a reconhecê-lo como tal", afirma o médico.
"O estresse não mata. O que mata são suas manifestações clínicas, resultando em alterações hormonais e humorais (dos fluidos, como o sangue) decorrentes da ação do estímulo estressor durante longos períodos de tempo."
Quando exposto a um estímulo estressante, o organismo responde de maneira estereotipada. A glândula supra-renal (sobre os rins) libera os hormônios adrenalina, cortisol e aldosterona; o pâncreas, glucagon e insulina; a hipófise anterior (glândula do cérebro), hormônio do crescimento e ACTH (corticotropina) etc.
Vilões
Os dois grandes vilões são o cortisol e a adrenalina, pois são eles os responsáveis, a longo prazo, pelas alterações que podem levar à úlcera estomacal ou ao infarto do miocárdio.
A primeira parte da reação de estresse chama-se fase de alarme. É quando os hormônios são liberados em grandes quantidades. Se o estímulo estressor desaparecer, o organismo volta ao seu funcionamento normal.
Caso o estímulo se prolongue (exigência constante dos pais, por exemplo), ou o organismo entra na fase de exaustão e morre ou se adapta. Na fase de adaptação, tudo volta mais ou menos ao
normal, e o organismo torna-se mais resistente.
Mas a fase de adaptação não é eterna. Se o estímulo persistir por muito tempo, o indivíduo pode entrar novamente na fase de alarme. As altas concentrações dos hormônios liberados nessa fase podem levar à arritmia cardíaca grave ou à formação de úlcera.
No estresse crônico (por longo tempo), concentrações elevadas de colesterol (decorrentes de alimentação inadequada), adrenalina e cortisol podem causar lesões no endotélio (parede dos vasos sanguíneos). Caso isso aconteça, o sangue coagulará, obstruindo o vaso (trombose).
Se o trombo (coágulo no vaso) ocorrer no coração, o indivíduo terá um infarto; se for no cérebro, um derrame. Esse quadro é menos provável em crianças devido à flexibilidade de sua rede de
vasos sanguíneos.
Alterações mentais também podem estar relacionados ao estresse. "Se o estado de estresse se prolonga, podem se desenvolver estados crônicos de ansiedade ou depressão", afirma Francisco
Assumpção Júnior, chefe do setor de psiquiatria infantil do Hospital da Clínicas, em São Paulo (HC-SP).
Adrenalina versus cortisol
Do ponto de vista do organismo como um todo, a adrenalina traz consequências piores que o cortisol. "É ela que faz o coração bater mais rápido e a pressão subir. A manifestação clínica do
cortisol, a curto prazo, é pequena", diz Lopes, da Unifesp.
Para diminuir os efeitos de uma sobrecarga de adrenalina, são receitados beta-bloqueadores (fármacos, como o propanolol, que bloqueiam os receptores celulares de hormônios).
"O beta-bloqueador não age nos sintomas do estresse propriamente ditos, mas nos sintomas da ansiedade decorrentes do estresse. Ele pode ser usado, por curto tempo e somente em alguns casos, em crianças com tremores que não conseguem escrever na lousa, por exemplo. Mas isso não resolve o problema da ansiedade", diz Alexandrina Meleiro, professora do Instituto de Psiquiatria do HC-SP.
Para ela, um desequilíbrio nos níveis de cortisol tende a ser mais perigoso que nos de adrenalina. "A adrenalina causa problemas no coração. Mas, quando se mexe no cortisol, muitos hormônios do corpo serão afetados: sejam os sexuais, sejam os que vão agir na produção de suco gástrico (no estômago)", diz Meleiro.
O cortisol também age no timo (glândula do sistema linfático que diminui de tamanho após a puberdade), o que pode afetar o sistema imunológico, pois diminui a produção de linfócitos T e B
(células de defesa).
"A criança fica mais sujeita a infecções, e a que já está doente pode piorar."
Exercício físico ajuda a regular apetite, mostra novo estudo
REINALDO JOSÉ LOPES
enviado especial da Folha de S.Paulo a Águas de Lindoia
Um motivo novo e mais sutil para se exercitar quando o excesso de peso se transforma em obesidade: a atividade física faz com que o cérebro envie ao corpo ordens para comer menos.
"Em geral, acreditava-se que o exercício faz emagrecer porque o corpo gasta mais calorias do que consome. Nós estamos mostrando o outro lado da equação: a atividade física também faz com que a ingestão de calorias diminua", diz Eduardo Ropelle, pesquisador da Unicamp e do Instituto de Obesidade e Diabetes.
O trabalho de Ropelle sobre o tema foi apresentado ontem, durante a reunião anual da Fesbe (Federação das Sociedades de Biologia Experimental), que acontece nesta semana em Águas de Lindoia (SP). Os dados foram obtidos em laboratório com ratos e camundongos, mas trazem, ao menos em tese, uma nova perspectiva também para pessoas.
A base do trabalho envolve dados bem conhecidos sobre a ação de certos hormônios, como a insulina e a leptina, sobre o cérebro. São esses sinalizadores químicos que dizem ao organismo quando é hora de parar de comer.
"Em animais obesos, submetidos a uma dieta rica em gordura, os hormônios perdem essa capacidade de regular o apetite ", explica Ropelle. A obesidade envolveria um círculo vicioso comportamental: quanto mais se come, mais se quer comer.
O pesquisador e seus colegas submeteram esses roedores a uma única sessão de atividade física intensa.
A malhação fez com que a sinalização do apetite no cérebro dos bichos voltasse a níveis normais. "O efeito dura de 12 a 16 horas", diz ele. Os resultados foram submetidos à revista científica "Nature Neuroscience".
Para Ropelle, o exercício físico pode ser benéfico para o apetite dos obesos. "Deve haver uma espécie de equilíbrio dinâmico para evitar tanto o acúmulo excessivo de energia quanto o gasto excessivo. A dieta moderna fez a gente perder isso", avalia.
Fonte:www.folha.com.br
enviado especial da Folha de S.Paulo a Águas de Lindoia
Um motivo novo e mais sutil para se exercitar quando o excesso de peso se transforma em obesidade: a atividade física faz com que o cérebro envie ao corpo ordens para comer menos.
"Em geral, acreditava-se que o exercício faz emagrecer porque o corpo gasta mais calorias do que consome. Nós estamos mostrando o outro lado da equação: a atividade física também faz com que a ingestão de calorias diminua", diz Eduardo Ropelle, pesquisador da Unicamp e do Instituto de Obesidade e Diabetes.
O trabalho de Ropelle sobre o tema foi apresentado ontem, durante a reunião anual da Fesbe (Federação das Sociedades de Biologia Experimental), que acontece nesta semana em Águas de Lindoia (SP). Os dados foram obtidos em laboratório com ratos e camundongos, mas trazem, ao menos em tese, uma nova perspectiva também para pessoas.
A base do trabalho envolve dados bem conhecidos sobre a ação de certos hormônios, como a insulina e a leptina, sobre o cérebro. São esses sinalizadores químicos que dizem ao organismo quando é hora de parar de comer.
"Em animais obesos, submetidos a uma dieta rica em gordura, os hormônios perdem essa capacidade de regular o apetite ", explica Ropelle. A obesidade envolveria um círculo vicioso comportamental: quanto mais se come, mais se quer comer.
O pesquisador e seus colegas submeteram esses roedores a uma única sessão de atividade física intensa.
A malhação fez com que a sinalização do apetite no cérebro dos bichos voltasse a níveis normais. "O efeito dura de 12 a 16 horas", diz ele. Os resultados foram submetidos à revista científica "Nature Neuroscience".
Para Ropelle, o exercício físico pode ser benéfico para o apetite dos obesos. "Deve haver uma espécie de equilíbrio dinâmico para evitar tanto o acúmulo excessivo de energia quanto o gasto excessivo. A dieta moderna fez a gente perder isso", avalia.
Filipe Redondo -6.mar.09/Folha Imagem
Mulher pratica exercícios físicos em São Paulo; novo estudo aponta que atividades voltadas ao corpo ajudam na regulação do apetite
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
MENSAGEM JUAREZ MACHADO DE FARIAS
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